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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O Burro, o Menino e o Tigre

A Miséria e a Iniquidade Humana


Nos últimos dias a notícia do menino que perdeu o braço após o ataque de um tigre no zoológico do Paraná tomou conta dos telejornais e redes sociais. Uma coisa que parecia natural acabou em tragédia: um pai vai ao zoo com seus dois filhos. O que não é natural é um pai permitir que uma criança de 11 anos salte uma grade de proteção devidamente sinalizada com aviso de perigo e fique provocando um animal selvagem.

Algumas pessoas culparam o pai pela tragédia, outros culparam a direção do zoológico por não ter colocado guarda em cada ponto. Afinal, de quem é a culpa? No dia 04 de agosto fiz essa pergunta no Facebook e a grande maioria apontou o pai da criança como o responsável. Aproveito esse debate para fazer algumas considerações.

Para ter o direito de dirigir um veículo temos que ter a idade mínima de 18 anos e passar nos testes práticos e teóricos. Após habilitados temos que dirigir com atenção e seguir todas as normas, senão seremos multados e poderemos até perder o direito de dirigir. E para ser pai ou mãe, qual o teste que enfrentamos? Qual a idade mínima segura para obtermos o direito de cuidar de um ser humano? Infelizmente não existe idade mínima e nem critérios para se tornar pai ou mãe. Muitos pais seguem apenas os princípios mais selvagens da natureza e saem por aí procriando e aumentando o numero de crianças sem a mínima condição de cuidar e educar.

É verdade que não existe um manual de como cuidar dos filhos. Mas seria de bom tom se os pais observassem pelo menos como os animais irracionais criam suas espécies. Já seria um grande aprendizado observar na natureza e aprender princípios de sobrevivência, de cuidados e de limites. Nem seria preciso estudar tratados de psicologia, sociologia, de pedagogia e outras "gias" para saber que não se deve deixar uma criança desrespeitar uma cerca de segurança.

Se observarmos bem nossos princípios naturais, nossa constituição biológica, veremos que a liberdade absoluta é incompatível com a formação de uma criança. A criança passa nove meses no útero com todo tipo de limitação. Ela só se alimenta através do cordão umbilical e tem um espaço tão reduzido que nem pode se mexer. Ao nascer, não está acostumado com a liberdade e chora. Chora porque não está preparada para um mundo tão amplo e cheio de possibilidades. Cabe aos pais ensinar os princípios dessa liberdade e dosar com limite e muita responsabilidade.

Quando pensamos que nossas crianças estão clamando por liberdade, nos enganamos. Na verdade, seguindo a experiência uterina, nossas crianças e adolescentes imploram por limites. Todo e qualquer ato de rebeldia diz exatamente o contrário: cuide de mim, me dê limites, atenção, não deixe que eu faça besteira... Esse limite tem que ser dosado, assim como a liberdade. Desde cedo o pequeno ser tem que aprender que a liberdade é algo que ele tem que conquistar paulatinamente com confiança, maturidade e disciplina. Erram os pais que tiveram uma educação repressora e querem fazer o oposto com seus filhos, e assim deixa-os fazer tudo o que quiserem. Qual a medida certa de limite e liberdade? A medida certa é a da prudência, da temperança, do meio termo.

Temos que educar nossos filhos para que sejam cidadãos conscientes. Eles terão que aprender a respeitar normas, avisos de seguranças, limites. Assim, um simples aviso de "perigo, não ultrapasse a grade de segurança" será capaz de proteger essa criança e não será preciso colocar guarda para proibir a aproximação. Essa criança cidadã é capaz de brincar na praça e não destruir os brinquedos e plantas sem que para isso um guarda tenha que coibi-la. Essa criança foi educada desde bebê para respeitar seus semelhantes, proteger os mais fracos, não agir com crueldade, obedecer aos mais experientes e conviver harmonicamente em sociedade. Tudo com equilíbrio entre o limite e a liberdade. Eis um exemplo entre limite e liberdade: sempre ensinei aos meus filhos a não comerem o açúcar do açucareiro. Porém, nunca tive que esconder o açucareiro. Eles aprenderam uma regra e tinham a liberdade, o direito a escolha, pois o açucareiro estava sempre a disposição.

Uma criança ganha uma bicicleta e para mostrar destreza começa a andar com a roda empinada. O pai acha bonitinho e até aplaude. Mais tarde ele compra uma moto e continua empinando a roda colocando sua vida e a de terceiro em risco, além de cometer infração. O pai pergunta: "onde foi que eu errei?" Muitos pais ao invés de corrigir pequenos desvios dos filhos sempre encontram justificativa e falam: "isso é coisa de criança, é normal; isso é coisa de adolescente, isso passa, é assim mesmo". Mais tarde seu filho jovem se tornou um ser desajustado, um delinquente, um marginal. Aí vem a pergunta: "onde foi que eu errei?"

Então quem é o culpado quando um menino não é capaz de observar um aviso de segurança? Que sociedade é essa onde exigimos que as instituições coloquem guardas em todos os cantos para vigiar nossos filhos? Que sociedade neurótica é essa que queremos que o Estado assuma o nosso papel de educar nossos filhos?

Aproveito essa reflexão para homenagear a todos os pais que souberam dizer NÃO aos seus filhos e educaram com consciência cidadã. A sociedade que vivemos é a que construímos com nossas atitudes. 




7 comentários:

  1. Lindo, lindo, lindo! Vou ler para meus filhos. Obrigado Luis.

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  2. E como existem por aí, burros posando de pais! Pobres filhos! E ainda culpam os filhos!

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  3. Luiz vou usar esse texto para debater com meus alunos.

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  4. os pais podem usar muitas desculpas hoje em dia para justificar os desvios de condutas de seus filhos,exemplo:falta de tempo p/ educa-los devido a carga de trabalho; o pensamento que pesa em muitos;meu filho vai ter o que eu não tive; a culpa é da mãe; as leis que os protegem de responsabilidades penais etc... , no fundo somos homens e mulheres enfrentando um bombardeio de pontos de vista,vindo da televisão e Internet, alem de vários pensadores que mais fazem é confundir a cabeça de nossos filhos.O não a uma criança na maioria das vezes mostra-lhe o caminho certo. Ter o filho como amigo é bom, mas o filho precisa mais de pai que lhe mostra o caminho que amigo para levar onde quer.

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  5. São esses pais sem noção os culpados pelos políticos que temos hoje. Esses corruptos já foram crianças mimadas criadas sem limites.

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  6. Realmente não tem outra expressão melhor. Burro mesmo. Não sabe criar filhos cria marginais. Onde foi que eu errei? Kkkkk.

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  7. Um asno brincando de ser pai e tem gente que culpa o tigre. Ora ora, o bicho não estava quietinho na sua jaula?
    Aquilo não é pai, é um idiota!

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